O que o intestino tem a ver com o seu peso corporal?
A microbiota intestinal pode contribuir para o aumento do peso corporal ou mesmo para
a redução do apetite
Intestino com peso corporal

O conjunto de bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos que vivem no intestino, chamado de microbiota, desempenha um papel fundamental na saúde metabólica do nosso organismo. Diabetes, obesidade, artrite reumatoide e doença inflamatória do intestino são alguns efeitos de um metabolismo desequilibrado.

No caso específico da obesidade, a microbiota intestinal pode contribuir para o aumento do peso corporal através de alguns mecanismos. Por exemplo, há bactérias no órgão que aumentam a extração de calorias da dieta, favorecendo o ganho de peso.

O desequilíbrio da microbiota também pode ativar respostas inflamatórias que contribuem para a resistência à insulina que, se não tratada, pode levar a diabetes tipo 2 e outras complicações.

Além disso, a própria produção da microbiota pode reduzir o apetite e aumentar a saciedade ou mesmo afetar a produção de serotonina e outros neurotransmissores que influenciam o comportamento alimentar.

Com essa compreensão sobre o funcionamento do órgão, é mais fácil entender também quando o médico indica o uso de probióticos e prebióticos para modular a composição da microbiota; a dieta rica em fibras e polifenois - que favorece bactérias benéficas; e terapias baseadas em transplante de microbiota fecal, que impactam o metabolismo.

Por tudo isso, o eixo intestino-cérebro é um alvo importante no estudo da obesidade e de suas possíveis abordagens terapêuticas. “É importante entender que a obesidade é uma doença complexa e merece um tratamento sério. Não é só fechar a boca e ir para a academia. Existe uma relação neural, intestinal e genética”, explica a médica cirurgiã Luciana Siqueira, vice-coordenadora do Programa de Residência de Cirurgia Bariátrica do Hospital das Clínicas.

E você, tem cuidado do seu intestino como ele merece?

Médica alerta para os riscos da perda de peso em tempo recorde neste final de ano
Muita gente aposta em medicação sem prescrição de um especialista para curtir as festas,
mas atitude é perigosa para a saúde
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Com a chegada do mês de dezembro, começa a corrida pela perda de peso em tempo recorde para as festas de final de ano. As justificativas vão desde “caber” em uma determinada roupa até “escapar” de comentários relacionados ao sobrepeso nos encontros com amigos e familiares. A cirurgiã bariátrica Luciana Siqueira, no entanto, faz um alerta para os riscos dessa busca “apressada” pelo corpo dito perfeito.

Usar medicamentos ou fazer dietas sem prescrição médica ou de um nutricionista são um grande risco para a saúde. Além disso, as próprias farmácias sofrem uma baixa no estoque de medicamentos como o Ozempic, o que prejudica as pessoas que realmente têm indicação para usá-lo de forma correta.

A obesidade, alerta a médica, é uma doença complexa, de múltiplas causas e que precisa ser tratada ao longo da vida. “Não estamos falando de pessoas que apenas precisam perder peso, mas do enfrentamento de uma doença que traz consigo outras comorbidades, como o diabetes e alguns tipos de neoplasias. O uso desses medicamentos de forma indiscriminada não traz o efeito desejado e ainda pode causar complicações no organismo.Há casos de pancreatite e dores abdominais, por exemplo, em investigação por estudos”, alerta.

O tratamento da obesidade não pode ser banalizado, destaca Luciana Siqueira, porque essa modalidade de uso de medicamentos pode prejudicar quem realmente precisa com a escassez dos remédios nas farmácias. “Não podemos confundir tratamento de obesidade com o desejo de dar uma satisfação para nossos amigos ou familiares. Procure uma equipe séria, que pode indicar corretamente o uso de medicação para auxiliar no tratamento, a cirurgia bariátrica ou outras técnicas tão eficazes quanto. Cada paciente é um caso, com sua história de vida e por isso precisa de tratamento personalizado”.

Manter o peso perdido é um desafio
para pacientes 
O reganho de quilos precisa ser compreendido com base na ciência para ser enfrentado com eficiência

Manter o peso após o emagrecimento é tão desafiador quanto perder os quilos a mais na balança. Por isso, o reganho de peso não pode ser assunto tabu e precisa ser discutido com informação responsável. Mas, afinal, por que é tão difícil manter o peso perdido?

Vários fatores colaboram para esse fenômeno. Um deles encontra explicação em nosso cérebro. Lá dentro, o hipotálamo entende que perder peso é algo ruim do ponto de vista da sobrevivência, pois a gordura é sinônimo de energia. Logo, se a pessoa perde energia, corre risco de morrer.

A partir desse mecanismo, o que o hipotálamo faz? Vai fazer de tudo para trazer de volta o peso corporal mais próximo ao peso máximo que a pessoa já teve na vida.

Além disso, também é importante destacar que quando perdemos peso em um curto espaço de tempo existe um aumento da fome em torno de quase cem calorias por quilo de peso.

Essa engrenagem funciona em qualquer método de emagrecimento. Mas na cirurgia bariátrica acontece algo diferente. O aumento da fome é registrado também, mas ao invés de cem calorias por quilo de peso, o aumento da fome vai ser de trinta calorias por quilo de peso. A bariátrica proporciona a regulação da ação do hipotálamo em obrigar nosso corpo a buscar o peso máximo. Por isso a intervenção é considerada mais eficaz, seja do ponto de vista do peso perdido ou da manutenção dele.

“Importante entender esse conceito porque muitas pessoas ainda veem a cirurgia de forma equivocada. Para elas, a fome e a vontade de comer são as mesmas de antes da cirurgia, mas existe uma barreira pela diminuição do tamanho do estômago. Isso não é verdade. Com a bariátrica, passa a existir também impacto dos hormônios no cérebro, o que é fundamental para entender a eficácia da cirurgia. Porque a intervenção não é só voltada à mudança na anatomia do trato digestivo. Há mudanças hormonais, metabólicas, entre outras”, explica a cirurgiã Luciana Siqueira.

A médica reforça, ainda, que nenhum estudo demonstrou que essa adaptação buscada pelo hipotálamo se dissipou com o tempo. Ou seja, o corpo sempre vai tentar retornar ao peso máximo.

O alerta também vale para o “combo” falta de exercício físico, ansiedade e compulsão alimentar, considerado de alto risco para o paciente que perdeu peso. “É preciso entender que o exercício físico diminui a ansiedade, pois libera endorfina e ajuda a reduzir a vontade de comer”, completa a médica.

O debate, diz Luciana Siqueira, é importante para evitar a culpabilização das pessoas em processo de enfrentamento da obesidade e a armadilha de métodos “milagrosos” de emagrecimento.

Pacientes com obesidade relatam ansiedade e depressão no enfrentamento da doença
Médica alerta que sintomas são agravados em meio a uma sociedade gordofóbica

É dia de consultório. Nas redes sociais, a médica Luciana Siqueira costuma postar imagens da própria sala acompanhadas de frases acolhedoras para os pacientes que estão para chegar. Há 18 anos, a cirurgiã bariátrica opera pessoas com variados graus de obesidade na rede pública e privada de saúde. Na consulta, alguns choram enquanto relatam suas limitações físicas ou dores emocionais relacionadas à obesidade. Os sentimentos predominantes são de culpa, vergonha, frustração e fracasso por não conseguirem controlar a doença.

Até 2035, mais da metade da população mundial terá sobrepeso ou obesidade, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2023. Por trás dos números frios, estão histórias reais de pessoas enfrentando ansiedade e depressão. Sintomas agravados em meio a uma sociedade gordofóbica, que não aceita pessoas fora de um determinado padrão.

“O estado de saúde mental desequilibrado é a maior dor que eu encontro nos pacientes. Eles se sentem incapazes e fracassados por não conseguirem lidar com a doença. As limitações físicas também levam a condições emocionais sofridas”, explica a médica.

Luciana Siqueira destaca que o enfrentamento da obesidade não é apenas sobre perder peso ou estética. É sobre ganhar anos de vida com mais saúde. Segundo a médica, a obesidade está relacionada a várias comorbidades, tais como hipertensão, diabetes, apneia do sono e alguns tipos de cânceres, um dos assuntos de pesquisa da médica. “Quando me questionam sobre um paciente com obesidade com exames de sangue normais, explico que, mais tarde, o quadro de saúde dessa pessoa provavelmente vai mudar e ela vai desenvolver outras doenças. Pessoas magras, obviamente, podem apresentar quadros de saúde comprometidos, mas a obesidade é um fator de risco a mais”, explica.

A doença, diz Luciana, é tão cruel que os pacientes pensam que, no dia seguinte à cirurgia, estarão magros e esquecem de pequenas conquistas diárias com a perda de peso, como caminhar sem se cansar, atacar um cadarço sem dificuldade, entre outras atividades. “Por isso é tão importante ter do outro lado uma equipe que saiba escutar o paciente para mostrar para ele os pequenos avanços no dia a dia e não falar o que o paciente deseja ouvir.”

Obesidade está associada
a 13 tipos de neoplasias
Nas mulheres, a maior incidência do câncer é nas mamas e no endométrio

O câncer de mama também pode ter relação com a obesidade nas mulheres.

O alerta é da médica Luciana Siqueira, cirurgiã bariátrica há 18 anos, nas redes pública e privada de saúde, e vice-coordenadora do Programa de Residência de Cirurgia Bariátrica do Hospital das Clínicas.

Desde 2014, quando concluiu a tese “Associação entre obesidade e câncer: análise proteômica”, a médica vem alertando para o assunto, que precisa estar cada vez mais em evidência. Isso porque, até 2035, mais da metade da população mundial terá sobrepeso ou obesidade, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2023.

“Cheguei à conclusão que, na amostra estudada, foram identificadas proteínas potencialmente carcinogênicas nos pacientes com obesidade e que a perda de peso induzida pela cirurgia bariátrica promoveu o desaparecimento dessas proteínas”, destaca a médica.

Luciana Siqueira alerta que a intervenção cirúrgica é uma ferramenta eficaz no controle da obesidade, mas exige um acompanhamento multidisciplinar, incluindo nutricionista e psicólogo, além de prática de exercícios físicos. “A bariátrica não é apenas sobre perda de peso na balança. É sobre mudança de estilo de vida e ganho de expectativa de vida também”, afirma.

Para prevenir o câncer de mama, a médica também alerta para a importância da prática de exercícios, alimentação saudável, com frutas, verduras, legumes e fibras. Importante, ainda, evitar o consumo de açúcar, alimentos processados e ultraprocessados, além de ingestão de bebida alcoólica em excesso. Além disso, é preciso fazer os exames periódicos, como orienta o Ministério da Saúde.

Veja alguns relatos dos pacientes

Depoimentos

Tratar a obesidade é possível

Dra. Luciana Siqueira
Cirurgiã Bariátrica

WhatsApp

(81) 9.9904-6311

ENDEREÇO

> REAL HOSPITAL PORTUGUÊS

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